Confira as tendências em sete diferentes setores: IA, desenvolvimento de software, cibersegurança, serviços financeiros, ciência e saúde, varejo e consumo, e indústria
Nos últimos anos, as discussões e avanços no desenvolvimento dominaram o mundo tech —- e parece que esse cenário não deve mudar tão cedo. Segundo um relatório de inteligência de mercado da CB Insights com as 18 maiores tendências tecnológicas para 2024, IA segue disparado como a maior aposta das companhias.
E não são apenas as empresas do Vale do Silício que estão de olho no desenvolvimento e progresso das inteligências artificiais. De acordo com a CB Insights, os setores de cibersegurança, serviços financeiros e seguros, saúde, indústria e varejo também estão olhando para as oportunidades geradas pelas novas tecnologias de IA para seguir inovando e gerando tendências.
Confira abaixo as 18 maiores tendências do universo tech em sete diferentes setores: IA, desenvolvimento de software, cibersegurança, serviços financeiros, ciência e saúde, varejo e consumo, e indústria.
1) Falta de processadores e alternativas
Os GPUs, processadores necessários para desenvolver e rodar muitos dos gráficos e modelos de inteligência artificial, estão em falta no mercado. A demanda anda tão aquecida que a produção é insuficiente para suprir a demanda e resulta em uma oferta mais restrita e preços nas alturas.
Por exemplo, um GPU H100 custa cerca de US$ 3,3 mil para ser produzido pela Nvidia. O preço de venda médio, no entanto, é de US$ 30 mil. Em alguns lugares, o mesmo processador pode chegar a US$ 97,8 mil.
Em um evento promovido pelo The Wall Street Journal, Elon Musk chegou a afirmar que, no momento, é mais difícil conseguir comprar GPUs do que drogas ilícitas.
Por isso, a CB Insights destaca que, para ter acesso aos chips e poder computacional, as startups precisam de estratégias inteligentes.
Algumas startups de IA generativa estão apostando em parcerias com grandes empresas como Amazon, Google, Meta, Google e Nvidia, ou até mesmo chamando-as para o quadro de investidores — como é o caso da OpenAI, por exemplo.
Outra forma de ter GPUs mais baratas é o plano de negócios. A Nvidia tem oferecido preços especiais para pequenas empresas de tecnologia em nuvem que possam oferecer um serviço mais barato para as companhias.
Parcerias comerciais e de investimento, no entanto, podem ser insuficientes. Por isso, a consultoria acredita que a grande aposta para o ano é a otimização dos modelos de IA. Ou seja, a construção de algoritmos mais eficientes que demandem um menor poder computacional. A Mosaic é uma das empresas que está apostando nessa estratégia. Segundo a companhia, mudanças na programação conseguiram reduzir em até 12% por hora o poder computacional utilizado.
Com isso, startups que têm como modelo de negócios ajudar IAs a se tornarem mais eficientes podem ganhar mais espaço ao longo do ano. Além disso, a falta de GPUs também faz com que novas alternativas no mercado ganhem tração, como os fabricados pela Celestial AI, LightMatter e outras.
2) IA Multimodal
Uma plataforma de inteligência artificial que utiliza diversas formas de informações — como voz, imagens, textos e vídeos — é conhecida como multimodal e é uma categoria relativamente nova dentro do universo da inteligência artificial.
Recentemente, o Google lançou o Google Gemini, o primeiro serviço multimodal nativo. Mas a concorrência tem tomado notas e deve apostar no modelo. A CB Insights acredita que setores como saúde, automotivo, varejo e indústria podem se beneficiar da novidade.
A OpenAI, a Inflection e a Aleph Alpha já lançaram algumas opções limitadas de ferramentas multimodais. Outras startups já têm planos para tirar o projeto do papel.
O próprio Google não deve parar de desenvolver o Gemini. Greg Corrado, chefe de IA para Saúde do Google, disse que a companhia planeja utilizar a tecnologia multimodal para criar sistemas de inteligência artificial para o mundo médico.
3) Revolução dos dados
Segundo alguns pesquisadores, dados de boa qualidade para o treinamento de modelos de inteligência artificial por meio de textos podem se esgotar já em 2026. Se esse cenário se confirmar, a evolução das IAs pode desacelerar.
Além disso, a utilização de dados protegidos por direitos autorais ou por redes sociais ou bancos privados de dados se mostrou uma prática financeiramente insustentável.
Com isso, a consultoria aposta que empresas que estão investindo em “dados sintéticos” podem ver um grande crescimento na demanda e salvar o setor. Ou seja, novos modelos de IA podem ser treinados utilizando dados, problemas lógico-matemáticos e informações coletadas e geradas artificialmente para refinar os modelos já existentes.
4) Mudanças no mundo da engenharia de software
A procura por desenvolvedores de software está em alta e, para evitar uma escassez de mão de obra, uma série de novas ferramentas estão sendo desenvolvidas para auxiliar programadores em suas tarefas.
Mas, no longo prazo, a consultoria vê a possibilidade de que ferramentas que utilizam pouco ou nenhum código de programação para a criação de um novo programa possam dominar o mercado, prejudicando a empregabilidade de muitos engenheiros.
Além da rapidez e maior agilidade, códigos e programas gerados por inteligência artificial também podem evitar vazamentos de projetos confidenciais e oferecer maior segurança.
5) Revolução em plataformas para o mercado de trabalho
Para a consultoria, a desaceleração nas contratações de forma global e as mudanças nas dinâmicas de trabalho fazem com que startups especializadas em recrutamento, seleção e organização de folhas de pagamento passem por uma seca de recursos nos Estados Unidos.
Plataformas com um apelo global, no entanto, tendem a crescer com times mais dinâmicos e contratações feitas em diferentes partes do mundo.
6) Computação quântica
Startups focadas em computação quântica têm visto um crescimento acelerado em recursos captados nos últimos dois anos. A tecnologia quântica é capaz de resolver problemas e cálculos de forma mais rápida do que os computadores hoje disponíveis.
Para a CB Insights, a alta do interesse de investidores e o crescimento de empresas interessadas em investir no setor mostram que, em breve, os computadores quânticos podem ser comercializados.
7) Maior segurança
Crimes cibernéticos são uma grande ameaça para o sistema financeiro global e vêm crescendo nos últimos anos. Segundo o levantamento, o número de tentativas de ataques de hackers cresceram 104% de 2022 para 2023.
Com isso, o setor de cibersegurança tem se consolidado, com mais de 200 operações de fusões e aquisições só nos Estados Unidos em 2023. Para a consultoria, o movimento não deve parar por aí. Diversas startups em estágio inicial de desenvolvimento podem ser novos alvos de gigantes do setor.
8) Proteção contra IA
A inteligência artificial tem facilitado a criação de novos tipos de ataques cibernéticos. De 2022 a 2023, golpes de e-mails criados por meio do ChatGPT cresceram 1.200%.
Com isso, empresas especializadas em segurança de e-mails também estão vivendo um período de bonança de captação de recursos e entrada de novos investidores. Muitas dessas companhias utilizam os próprios modelos de inteligência artificial para antecipar possíveis ameaças.
9) IA em bancos
Segundo o levantamento, cada vez mais bancos americanos estão apostando em inteligência artificial para ganhar eficiência.
Alguns dos usos identificados são análise de documentos, atendimento virtual, análise de mercado para oferecimento de produtos, serviços e investimentos, entre outros.
Para a CB Insights, os maiores desafios envolvendo a implementação de IA no setor bancário são problemas com a privacidade dos dados, recrutamento de mão-de-obra especializada, alto custo de implementação e falta de testes dos algoritmos hoje disponíveis.
10) Blockchain
Uma tecnologia herdada do desenvolvimento do universo de criptomoedas, as tecnologias que utilizam o blockchain para validar e facilitar operações bancárias continuam em alta.
O setor sofreu com a falta de investimentos e captação de recursos após a queda das principais criptomoedas e escândalos de lavagem de dinheiro. A aprovação de fundos de índice regulados pela Comissão de Valores Mobiliários americana (SEC), no entanto, mudou o momento do mercado.
Com isso, o desenvolvimento de novas tecnologias passou de pequenas startups para empresas já consolidadas do setor de pagamentos, como Visa, HSBC, Citi e J.P. Morgan.
11) Insurtechs
O número de desastres ambientais causados pelas mudanças climáticas tem sido um catalisador para empresas de seguros com um forte pé no mundo da tecnologia.
Isso porque algumas companhias têm investido em modelos e tecnologias capazes de prever as mudanças extremas e minimizar os seus gastos com sinistros.
12) Remédios gerados por IA
Com o desenvolvimento da inteligência artificial, o setor farmacêutico tem apostado na tecnologia para a descoberta de novas moléculas que possam vir a se tornar medicamentos promissores.
Os mecanismos hoje disponíveis no mercado ajudam na seleção dos químicos a serem estudados, aumentam a eficácia dos produtos e facilitam a vida dos pesquisadores com atalhos para a geração de novos remédios.
O primeiro remédio totalmente gerado por inteligência artificial ainda não chegou às prateleiras, mas as grandes farmacêuticas têm investido em pequenas empresas com potencial para chegar lá.
13) Ressurgimento da indústria de DTx
Nos últimos anos, a indústria Terapêutica Digital, do inglês Digital Therapeutics (DTx), foi abalada por fraudes e perdas de confiança, mas está ressurgindo.
No DTx, as intervenções médicas e terapêuticas são feitas com base em predições de programas de software para prevenir, gerenciar ou tratar algum distúrbio ou doença.
No último ano, o setor passou por um movimento de consolidação, com diversas aquisições feitas por grandes empresas do universo médico.
Um dos entraves, no entanto, segue sendo o alto custo da ferramenta e a baixa cobertura dos planos de saúde.
14) Mapeamento cerebral
A Neuralink, de Elon Musk, anunciou o primeiro implante no cérebro humano com o objetivo de auxiliar pessoas com deficiências motoras. Apesar dos problemas apresentados no primeiro teste, essa é uma indústria que não deve desacelerar.
Diversas empresas estão apostando no estudo da atividade cerebral para o desenvolvimento de novas terapias que possam trazer maior eficiência do que os tratamentos convencionais.
Além da abordagem médica, algumas companhias utilizam esses dados para tentar prever com maior probabilidade de acerto a mente humana, utilizando apenas os dados emitidos pelo cérebro humano.
15) Vendedores IA
O comércio eletrônico é um setor que não tem previsão de desacelerar nos próximos anos, mas a fidelização de clientes se torna cada vez mais custosa para as empresas.
Com isso, as empresas do varejo estão apostando em startups capazes de utilizar inteligência artificial para engajar e converter novos clientes em vendas frequentes. Algumas das soluções envolvem chatbots, tecnologia para empresas de moda e assistentes de IA que tentam prever os interesses do consumidor.
16) Estoque automatizado
A inteligência artificial também tem sido aplicada em ferramentas que buscam reduzir as perdas no inventário de um grande estoque. Nos Estados Unidos, as perdas anuais chegam a US$ 100 bilhões.
Startups com tecnologia para prevenir os custos elevados, criação de auto-atendimento e maior eficiência estão ganhando espaço no mercado.
17) Revolução no mundo dos games
A indústria de videogames também pode se favorecer do boom da IA. Diversas startups estão apostando em modelos capazes de reduzir o tempo e o custo para que um novo jogo de alta qualidade chegue às prateleiras.
Segundo a consultoria, IA pode não só deixar a produção mais barata, mas também deixar os jogos mais imersivos.
18) Robôs humanoides
Robôs que se assemelham aos humanos em aparência e função vem sendo desenvolvidos há décadas. O nascimento de novas tecnologias capazes de dar vida aos protótipos, no entanto, vem aquecendo a indústria mais uma vez.
Nomes como a Tesla e a Boston Dynamics são grandes representantes do setor. Com o crescimento de robôs e máquinas autônomas, parques industriais podem ganhar maior eficiência por um custo menor.